Os últimos anos não tem sido muito fáceis para o colecionador brasileiro de miniaturas. Ainda mais para aqueles que colecionam miniaturas da Hot Wheels e Matchbox, ambas marcas da empresa americana Mattel.
Muitos foram os motivos de irritação dos colecionadores: primeiro um atraso imenso ocorrido em 2007, com a proibição do governo brasileiro em importar Hot Wheels por suspeitas de irregularidades nos materiais usados nas minis. Depois, uma convenção de colecionadores muito mal organizada. Além disso, o modelo mais cobiçado dos últimos anos (o VW Fastback) não veio para o Brasil. Some-se a isso séries incompletas e preços altos.
Mas parece que isso está mudando. E esse é o momento para uma entrevista com a Mattel Brasil. Todas as perguntas foram colhidas em foruns, comunidades e sites de colecionadores brasileiros. Infelizmente algumas perguntas tiveram que ficar de fora por conta do tamanho da entrevista. Todas as perguntas enviadas à Mattel foram respondidas. Mas acredito que em breve faremos mais uma rodada de entrevistas.
Abaixo, a entrevista com o Roberto e a Thais, ambos do departamento de marketing da Mattel Brasil:
Há hoje uma grande insatisfação entre os colecionadores brasileiros com a Mattel. Todos tem se sentido abandonados e acham que o nosso mercado não recebe a devida atenção, apesar de sermos o segundo mercado em tamanho da Hot Wheels. O que tem sido feito para mudar isso? Como vocês vão conseguir chegar mais perto dos colecionadores?
A Mattel do Brasil preza e valoriza os colecionadores, porém, entende que a aproximação e desenvolvimento do mercado colecionável, compreende um processo a longo prazo.
O ano de 2009 foi o pontapé inicial para o estreitamento da relação HW-Colecionadores: foi o primeiro ano em que conseguimos efetivamente implementar uma estratégia para este público no Brasil. Se olharmos para trás, diversas mudanças ocorreram esse ano:
- A linha de produtos colecionáveis de 2009 é a maior desde que Hot Wheels está no Brasil;
- Realizamos a 2ª convenção nacional de Hot Wheels, obtendo um alto nível de satisfação entre os colecionadores que expuseram e visitaram o evento;
- Trouxemos Larry Wood para o Brasil, o maior designer da históra da marca, sendo que o único país que ele já havia visitado numa convenção de HW fora dos EUA havia sido o México;
- Lançamos o site www.colecionadoreshw.com.br, focado exclusivamente em colecionadores para nos aproximarmos cada vez mais e incentivarmos o colecionismo no país;
- Lançamos o Programa Collector, para melhorar a distribuição dos itens colecionáveis e evitar quebras de sortimento nas coleções;
- Conseguimos trazer para o país itens exclusivos dos EUA, como 100% HW, e as caixas completas de Larry’s Garage e Classics, que chegam em novembro;
- A partir de dezembro, lançaremos a linha HW Elite no país.
Entendemos que esse é apenas o começo. Ainda falta muito para chegarmos ao nível de colecionismo que existe nos EUA, porém, contamos com o total apoio do time local e da matriz da Mattel para focarmos em atividades voltadas aos colecionadores brasileiros e desenvolver esse mercado no nosso país.
A distribuição de lotes nas lojas tem sido motivo de irritação entre todos. Os lotes têm demorado muito a chegar, e algumas lojas, especialmente as que ficam fora dos grandes centros, não recebem lotes há muito tempo. A distribuição funcionou bem até 2005 por aqui. Por que isso acontece? Por que existem diferenças no número de caixas de lotes que são importados?
Existem algumas peculiaridades no Brasil, que fazem que os mixes cheguem antes aos EUA. Desde 2008 o processo de importação e nacionalização de produtos pede testes de lotes em laboratórios brasileiros. Isso fez com que o tempo entre a produção na fabrica, e liberação para venda no Brasil aumentasse para cerca de 4 meses. Por conta disso, os mixes demoraram mais para chegar em nosso mercado, o que levou a uma concentração de modelos antigos nas lojas. Felizmente, essa situação já foi corrigida e já voltamos a faturar os mixes mensalmente. Mas reforçamos que, devido às peculiaridades de nosso mercado, sempre estaremos com atraso de 4 meses em relação a outros países.
Sempre que um mix novo é lançado para venda, está sendo divulgado através do site www.colecionadoreshw.com.br. Acompanhem!
Para os colecionadores é importante completar suas coleções e séries. Mas no passado muitos se frustraram ao não encontrar nas lojas todos os ítens de uma mesma série (Classics, Ultra Hots, Since 68, etc). Podemos acreditar que as séries novas virão completas? E a mainline de 2009? Teremos ela completa aqui ou acontecerá como em 2008 que ficamos sem o Fastback e o Impavido? Quando teremos as mesmas séries que saem lá nos EUA?
Essa é uma discussão fortemente levantada junto à matriz. A grande questão para os itens colecionáveis é que existia, até este ano, uma embalagem para os EUA e outra para os demais países. No entanto, o mercado colecionável não é tão forte em outros países quando comparado ao Brasil e somente os nossos volumes não eram suficientes para a produção mínima de embalagem.
Nos últimos anos, conseguimos mostrar à matriz a importância do colecionador no Brasil e unificamos as embalagens: são as mesmas para qualquer país do mundo, incluindo EUA. Dessa maneira não teremos mais quebras de sortimento. Apesar da unificação só acontecer no ano que vem, para 2009 já temos a coleção completa de Larry’s Garage, Colecionáveis 1:50 e Drag Strip Demons.
Sobre a mainline 2008 e 2009, como foi divulgado na 2ª convenção de Hot Wheels, infelizmente sofremos com um problema de produção na planta. Assim que esse problema foi detectado, entramos em contato com a matriz para tentar reaver esses mixes. Infelizmente, para o Fastback e o Impavido isso não foi possível, e sentimos muito por isso. Porém, os mixes R e S terão uma produção tardia para o Brasil e receberemos estes dois mixes no inicio do ano que vem.
A respeito das séries exclusivas, esse é um ponto que vem sendo alinhado com a matriz. Historicamente, os EUA sempre tiveram diversos produtos exclusivos e que não eram divulgados para as demais subsidiárias do mundo. Isso está mudando, porém, é uma mudança que leva tempo. Aos poucos, temos conseguido trazer séries que eram exclusivas, como o sortimento 1:87, as caixas completas de Classics e Larry’s Garage, que chegam ao Brasil em quantidades limitadas em novembro deste ano. Além disso, conseguimos arrematar o último lote disponível nos EUA da linha 100% HW.
É importante entender que fora dos EUA o foco da marca Hot Wheels é praticamente 100% na criança e, portanto, era natural que séries especiais para colecionadores fossem apenas dedicadas ao mercado americano. Com o crescimento do mercado colecionável no Brasil, a tendência é cada vez mais termos acesso ao que é feito exclusivamente para os EUA.
Todo colecionador mais antigo começou sua coleção aqui no Brasil com os Matchbox, fazendo com que todos guardem um grande carinho com essa marca. E justamente neste ano de 2009 que a coleção se tornou mais legal, ela foi abortada aqui no Brasil. Por que isso? Existem planos de retomar a importação?
Notamos forte queda nas vendas de Matchbox nos últimos anos, que também acarretou na diminuição dos volumes importados. Fato que, por enquanto, não justifica a retomada da importação.
O programa Collector deixou muita gente frustrada por ter lojas selecionadas apenas em grandes centros, e que correspondem a localidades com alto poder aquisitivo. No Rio de Janeiro por exemplo, só existem duas lojas Collectors. Há um plano de rever essa lista? Existe uma intenção de ouvir os consumidores pra saber se essas lojas "merecem" ser lojas Collector?
O Programa Collector foi criado para melhorar a distribuição de miniaturas no Brasil especialmente quando se trata das linhas HW Adulto.
A maioria das lojas de brinquedos no Brasil foca seu atendimento em crianças e pais. O que, para o colecionador, muitas vezes significa que as miniaturas colecionáveis não têm um espaço dedicado e atendimento devido. Dessa forma, selecionamos um universo menor de lojas, com público colecionador fiel e com isso, fazer com que o acesso ao portfolio HW Adulto seja maior e com o sortimento completo.
Nosso objetivo não é focar em apenas 55 lojas, mas aumentar esse número com o passar do tempo. É importante ter a opinião dos colecionadores para saber quais lojas são importantes para serem consideradas no programa. No entanto, existem outras questões referentes à política comercial entre a Mattel e os lojistas, que precisam estar alinhadas, para que a loja possa fazer parte do programa.
Por que o preço da miniatura aqui no Brasil é tão cara? A diferença de valor com o que é praticado nos EUA é muito grande. E vimos recentemente a queda de preço de R$6,00 para R$5,00 na mainline. Por que não fazer o mesmo com séries mais caras que estão encalhando nas lojas (1:50, Batman, etc)?
Existem dois pontos que influenciam o preço praticado no Brasil. O primeiro é o fato de o custo ser influenciado pela taxa do dólar quando o produto é importado. O segundo, e mais importante, é que nosso país possui uma carga de impostos, que incidem nos produtos, bem mais alta do que a carga de impostos dos EUA. Essa não é uma realidade exclusiva do mercado de brinquedos e pode ser observada também em outros segmentos como o de eletrônicos, vestuário, etc.
Pode nos falar um pouco sobre a mainline de 2010, e suas séries? Receberemos mais miniaturas e séries aqui no Brasil em 2010, sem este atraso e confusão que vimos em 2009? Existem planos de produzir miniaturas de carros brasileiros, como foi cogitado na época da convenção?
Já estamos divulgando semanalmente no site www.colecionadoreshw.com.br diversas informações sobre a mainline 2010. Abaixo um resumo das principais novidades que já foram divulgadas:
- A mainline terá um total de 214 modelos diferentes de carrinhos. Isso significa um aumento de 30% em relação a este ano, e será a maior coleção de carrinhos HW desde 1968;
- Pela primeira vez, existirão dois mixes diferentes: um para os EUA, e outro para Internacional, ou seja, todos os demais países do mundo. O mix internacional terá oito carros a mais que o mix dos EUA, e serão carros internacionais, ou seja, carros que estão presentes somente em determinados países, como Alemanha, França, Japão e Brasil. Sim! Teremos dois carros brasileiros na mainline 2010. Nas próximas semanas, divulgaremos em nosso site que carrinhos serão esses. Fiquem atentos!
- Por conta desse novo mix internacional, os New Models terão 52 modelos, vs 42 modelos em 2009;
- As Collector Series apresentarão dois novos moldes de pneu;
- Teremos um novo segmento: o Race World, formado por 48 carrinhos com tema de corrida;
- Os T-Hunts serão 12 ao longo do ano que vem.
Garantimos que todos os mixes serão importados, ainda que haja um atraso em relação aos lançamentos nos EUA, como explicado anteriormente.
Um ponto recorrente entre todos os colecionadores é o fato da loja paulista Semaan não receber um tratamento adequado da Mattel do Brasil. A loja se tornou referência, ponto de encontro e até fonte de informação para colecionadores. E o que se vê recentemente é que eles recebem menos lotes, e têm sido boicotados por parte da Mattel. O que levou a este mal estar entre vocês? Podemos contar com a normalização da relação? Podemos acreditar que a Mattel vai apoiar a Semaan para que ela continue atendendo o colecionador como sempre fez?
É importante mencionar que, de acordo com políticas da Mattel no Brasil em sua relação com lojistas, não é permitido beneficiar nenhum cliente, independente de seu tamanho ou representatividade para o negócio. Todos os clientes do Programa Collector possuem o mesmo portfolio de produtos.
Sabemos da importância da loja Semaan junto aos colecionadores, e exatamente por isso ela também foi escolhida para fazer parte do Programa. No entanto, uma relação comercial entre uma empresa e um cliente passa por outras questões, do que simplesmente compra e fornecimento de produtos. São questões mais amplas do que apenas o Programa Collector ou a marca Hot Wheels e, por razões éticas, nos reservamos a discutir esses pontos somente entre as 2 empresas envolvidas. Aguardamos ansiosamente que estas questões sejam resolvidas, para que tudo volte ao normal.
Algumas lojas (inclusive algumas lojas Collectors) possuem em seus quadros funcionários que separam miniaturas (principalmente os T-Hunts). Isso vai mudar? Como resolver essa polêmica dos T-Hunts? Se vermos isso acontecendo, como podemos denunciar?
A Mattel é absolutamente contra a separação de T-Hunts. No entanto, qualquer ação ou atividade que aconteça dentro de nossos lojistas, é de inteira responsabilidade dos lojistas, e esse tipo de situação deve ser tratado diretamente com eles.
O site novo está no ar e sendo atualizado. O que mais podemos esperar dele? Teremos um fórum? Teremos venda exclusiva de miniaturas como já acontece nos sites americanos Hot Wheels Collectors e Red Line Club? Seria um meio de acabar com a importação de miniaturas pelos colecionadores e disponiblizar as minis para todo o Brasil.
O site foi lançado para ser um grande canal de comunicação entre a Mattel e os colecionadores brasileiros, além de incentivar e desenvolver o colecionismo no Brasil. Temos novidades semanais, e newsletters a cada 15 dias com o resumo dessas novidades. Além disso, diversas atualizações já estão acontecendo neste mês e já estamos preparando o fórum de discussões que entrará no ar no inicio de 2010, e será essencial para a comunicação com a Mattel.
Nossa dica é se cadastrar no site para receber todas as notícias via newsletter quinzenal.
Em relação ao Red Line Club, teremos novidades em breve.
Existem ações isoladas de alguns colecionadores apaixonados, como pacotes de viagem para convenções de HW nos EUA, ou organização de exposições. A Mattel tem intenção de apoiar estas ações, já que elas ajudam na divulgação da marca?
Lançamos recentemente em nosso site uma nova ferramenta na área de eventos: qualquer colecionador pode cadastrar seu evento HW e divulgar para todos os colecionadores do Brasil.
É uma forma de oferecermos o mesmo tipo de apoio para qualquer evento no país, e incentivar o colecionismo de HW.
O processo para postar seu evento é muito fácil. Basta cadastrar-se no site e fornecer as informações necessárias.
Como vocês vêem o mercado brasileiro? Como é a divisão de produtos para crianças e para colecionadores? É verdade mesmo que o mercado brasileiro é o segundo maior do mundo? Há uma intenção em ganhar dinheiro vendendo para colecionadores?
A história de Hot Wheels ainda é bastante recente no Brasil. A marca ganhou força e começou a crescer nos últimos cinco anos em nosso país. E é ingênuo falar que estamos no mesmo nível de colecionismo dos EUA, um país que tem um mercado colecionador há mais de 40 anos. No entanto, apesar de sermos recentes, somos um mercado extremamente forte em vendas de carrinhos Hot Wheels. E essa força tem nos possibilitado um espaço e dedicação cada vez maior por parte da matriz.
Nosso objetivo é continuar a investir neste mercado, através de produtos adequados e atividades focadas no colecionador, contribuindo para o seu crescimento contínuo. E crescer significa participar ainda mais das decisões relacionadas a linhas de produtos, itens exclusivos e sortimento de carrinhos.
A Mattel faz algum tipo de pesquisa entre seus consumidores antes de lançar uma série nova? Teremos mais séries e packs este ano?
A matriz da Mattel realiza diversas pesquisas para conceber seus produtos, e essas pesquisas normalmente são realizadas nos EUA.
Em 2008, realizamos uma pesquisa local bastante profunda para entender o colecionador no Brasil, e os resultados foram apresentados à matriz, que os levou em consideração no momento de desenvolver os produtos para 2010.
Para o final do ano teremos os packs de Classics e Larry’s Garage.
Existe uma "suspeita" de todos, de que só recebemos as "sobras" do mercado americano. É verdade? Até que ponto a Mattel do Brasil tem liberdade nas decisões da matriz?
Esse tipo de suspeita não possui fundamento. Todos os produtos apresentados para o Brasil são avaliados para um lançamento local, e as produções de HW são feitas de maneira separada e independente dos EUA.
Como mencionamos ao longo da entrevista, temos lutado muito, e aos poucos ganhamos relevância junto à matriz em relação às decisões que são tomadas referentes às linhas de produto. Mas isso é e continuará sendo é um processo de longo prazo. E esperamos que juntos possamos fortalecer o mercado brasileiro de colecionadores.
Muito obrigado,
Mattel do Brasil.
PARABENS!!!! ÓTIMA ENTREVISTA!!!!
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