O Marcos Pedroso é conhecido de todo mundo. Se você nunca o viu em encontros, já viu em matérias por aí. E se o conheceu pessoalmente, sabe que ele é do tipo de colecionador apaixonado, que detesta brigas, e que sempre fez e faz de tudo para promover o colecionismo no Brasil, participando ativamente de foruns, clubes, etc.
Claro que ele não podia ficar sem ser entrevistado por aqui. Mas se você quiser conhecê-lo melhor, e ver outras entrevistas, vá aqui ou baixe uma matéria do estadão aqui.
Você também pode conhecer mais sobre esse colecionador de 46 anos e sua coleção vendo seu fotoblog.
Agora vamos à entrevista:
Uma coisa que vi na sua entrevista no iG é que sua ambição é colecionar todos os modelos de Hot Wheels desde 1968... O que vai acontecer primeiro? Você conseguir todos, ou enlouquecer antes? Brincadeiras à parte, como pretende conseguir este feito?
Antes de mais nada, parabéns pelo blog e pelo sucesso alcançado! Pretendo obter ao menos uma miniatura de cada modelo lançado até meados de 1980, sem variações, apenas um modelo. E para esses mais antigos já me contento em ter a mini mesmo que raladinha, muito brincada. Mesmo assim, algumas minis serão impossíveis, pois o custo é absurdo. Mas continuarei tentando! Já consegui muitas peças desse período, e com calma conseguirei as demais. Quanto a enlouquecer, não é difícil...
Você só coleciona Hot Wheels ou outras marcas também?
O tema de minha coleção é Hot Wheels. 99,99% Hot Wheels. Mas também tenho um espaço para exceções: mantenho ao menos uma mini representativa de cada uma das outras marcas.
O que sua mulher fala agora, já que você "entregou" que leva os carrinhos dentro das caixas de cereais pra casa?
Há alguns anos, alguns colecionadores e suas famílias se encontraram em um hipermercado para as compras de um "diecast barbecue" e entre as habituais brincadeiras e piadas surgiu a idéia de utilizar embalagens de outros produtos para "contrabandear" minis para dentro de casa. Minha esposa estava presente, ouviu a idéia e levou a sério. Tanto que hoje ela não se limita aos cereais. Pacotes de fraldas, de papel higiênico (é incrível como cabem minis loose num pacote de 8 rolos!!!) e outras embalagens, são sistematicamente revistados!! Enquanto isso outras táticas são adotadas...
Na reportagem você diz que tem 4 mil carrinhos e que embala todos eles e mantém em caixas. Explica melhor como é a logística disso.
Não tenho espaço para expor toda a coleção, assim consigo deixar "à mão" apenas 1/4 dela. As demais minis loose são guardadas individualmente em saquinhos tipo Zip, e agrupadas por modelo ou tema em pequenas caixas de papelão, daquelas usadas em remessa postal. As caixas são numeradas e há um índice impresso na ordem numérica das caixas e na ordem alfabética de conteúdo. As caixas ficam guardadas em um pequeno quarto na área de serviço do apartamento, junto com as pistas e outras caixas contendo as poucas minis que mantenho na embalagem.
Outra coisa que você conta, é que você fotografa e cataloga todos eles. Como faz isso? Usa alguma planilha ou algo do tipo?
Bem... isso nem sempre dá certo. Mas o costume é agrupar as minis que chegam até formar um lote a ser fotografado, uma a uma. O problema é que algumas minis escapam e vão direto para as caixas. A catalogação é um de meus planos, pois com tantas minis já está ficando difícil lembrar de todas na hora das compras. Em breve devo iniciar a catalogação.
Qual a sua, ou as suas miniaturas favoritas? Quais são as mais raras?
As minis mais raras são, sem dúvida, os Redlines, modelos da primeira fase da Hot Wheels, de 1969 a 1977. As favoritas são muitas, mas vou fazer um esforço e selecionar algumas: Cadzilla e Chezoom (lindos, raros, uma briga pra conseguir); Dodge Rampage (4 anos pra conseguir a primeira); Lakester (não me peça pra explicar...) e muscle cars em geral.
Tem alguma miniatura que você quer muito e ainda não conseguiu?
Sim, caminhões Steering Rigs e diversos Redlines que ainda não chegaram por aqui. Além disso, eu quero muito as minis que ainda não foram lançadas!!
O que você tem achado da postura da Mattel do Brasil para com os colecionadores? Como você vê hoje o colecionismo no Brasil?
Muitos de nós já colecionaram Matchbox nos anos 60 e 70, mas aquilo acabou por aqui e ficou esquecido por muitos anos. Retornamos como colecionadores agora, pois há pouco mais de uma década passamos a encontrar nas lojas grandes volumes e variedade de miniaturas de carros, de baixo custo, na verdade brinquedos. Mas brinquedos colecionáveis pois, juntos, agradam aos "apaixonados por carro". Com o grande aumento de consumo dessas miniaturas, surgiu a oportunidade, inclusive, para que outras marcas chegassem ao nosso mercado, com alguns diferenciais de qualidade, e de preço, apresentando aos colecionadores opções de produtos que passam longe do conceito de "brinquedo". O colecionador brasileiro começa a se acostumar com os preços maiores correspondentes às peças voltadas a coleção. Mas, apesar dos bons números de consumo que geramos ano após ano, a falta de tradição nos mantém ainda engatinhando, construindo uma identidade cultural aos poucos, amadurecendo com erros e acertos e compreendendo os mecanismos e armadilhas do colecionismo. Ainda não chegamos lá, mas chegaremos logo mais, pois o colecionismo e diecast 1/64 é uma brincadeira que merece ser levada a sério para continuar divertida!
Me parece que a postura da Mattel do Brasil ainda é de muita cautela, "tateando" um mercado complexo, exigente, instável. Mas, definitivamente, eles agora apostam progressivamente no mercado de colecionadores de diecast.
As convenções, as séries diferenciadas, o novo site, a comunicação, o Amazoon, o Larry Wood, o A-OK e o SP-2 são conquistas irreversíveis dos colecionadores brasileiros. E é esperado que essas conquistas evoluam ainda mais.
Você é conhecido por ter um relacionamento mais próximo com a Mattel do Brasil, e até por isso você já foi "detonado" algumas vezes em foruns. Na sua opinião, agora que a Mattel do Brasil deu uma melhorada no tratamento com o colecionador, você acha que o clima tenso deu uma acalmada entre os colecionadores mais "nervosos"?
Sim, existe um contato com a Mattel do Brasil, mas restrito à troca de informações e de idéias. Nada estratégico ou decisivo.
Já ouvi falar sobre essas "detonações" à minha pessoa enquanto colecionador, mas infelizmente nunca tive acesso a esses momentos. E gostaria muito que os eventuais reclamantes se dirigissem a mim diretamente para eventuais críticas, mas isso não acontece. Seria gratificante ouvir, conversar e esclarecer quaisquer pontos relativos a minha atuação dentro desta comunidade, já há 12 anos. Só feedback positivo não é um bom sinal...
Sobre clima tenso, creio que isso sempre haverá pois, como já disse um sábio amigo: "já temos um copo meio cheio, mas as pessoas têm o direito de achar que o copo está meio vazio".
Ou seja: divergências de opinião existem e são saudáveis, assim como o respeito entre as pessoas.
Tem alguma dica pra dar para aquele colecionador que está começando agora sua coleção?
Foco. Delineie já no começo os limites de tua coleção, e seja conservador, pois esses limites serão ultrapassados com certeza.
Não compre por impulso e compre por impulso. Não pague mais do que vale uma mini. Pague o preço que a mini vale pra você, mesmo que seja absurdo. Compre tudo o que voce gosta e goste de tudo que voce compra. A mais feia das minis tem algumas rodinhas, o que já é um atrativo! E, por fim, não leve a sério nada do que eu disse: relaxe, divirta-se e não esqueça de fazer VRUMMMM !!!
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