O blog 1por64 é um dos mais antigos, tradicionais e informativos do nosso hobby. Ele existia em uma época em que poucas informações chegavam por aqui, e ajudou a muitas pessoas a saber um pouco mais sobre este hobby.
O Everton, um dos "donos" do blog, foi uma pessoa que por exemplo me ajudou muito no começo da coleção e me ajudou muito no início do T-Hunted. Tenho portanto com o 1por64, e ao Everton e o René, o maior respeito, e é por isso e pelo trabalho sério deles, que estão aqui conosco hoje nesta ótima entrevista.
O blog 1por64 era até pouco tempo um dos únicos blogs sobre o hobby de colecionar miniaturas na escala 1:64. Como começou o blog e como nasceu a idéia?
Everton: Tudo começou por acaso, na mais pura informalidade e descompromisso. Eu e o René sempre colecionamos miniaturas, mas desde 2005 passamos a acompanhar o assunto com mais intensidade. Sempre que um de nós descobria alguma novidade, acabava enchendo a caixa de e-mails do outro com fotos, links e diversos textos extraídos de sites aleatórios. Até que em um determinado momento, surgiu a simples idéia de colocar tudo numa só página. Assim, o acesso para ambos seria mais simplificado e outros amigos nossos também interessados em miniaturas poderiam fazer consultas. Daí em diante, o descompromisso de atualizar o blog tornou-se quase um dever diário.
Muita gente se inspirou no 1por64 (incuindo o T-Hunted), e o número de blogs sobre esse tema se multiplicou. Como você vê esse crescimento no interesse? Vocês também sentiram um maior acesso no blog com tudo isso?
René: É retrato de um interesse que cresce. É muito bom ajudar a difundir o hobby, ver que as pessoas acessam nossos posts diariamente, se interessam e buscam informações. Ser parte disso é muito legal e nos estimula a buscar sempre mais conteúdo. Os acessos aumentam conforme o número de canais aumenta; e a busca acaba sendo maior por fontes, o que gera um aumento de usuários.
O que ficou da experiência desse blog? Amizades? Contatos? Desafetos?
Everton: A experiência é extremamente positiva, Douglas. Obter a opinião de outros colecionadores sobre determinados assuntos relacionados ao hobby, fazer amizades com pessoas do mundo inteiro que compartilham o mesmo interesse que o seu e ainda poder entender cada vez mais de um assunto que te agrada é muito gratificante.
Como você vê hoje o momento que vivemos, com convenções oficiais no Brasil, um Red Line Club por aqui, uma miniatura de um carro brasileiro e um interesse tão grande de fabricantes e de colecionadores?
René: Tudo contempla o retrato de um mercado de consumo muito forte e em clara expansão. Cada vez mais parece que o número de colecionadores aumenta, e por consequência, o investimento no país é expandido. A Mattel percebeu isso, criou um site, montou convenções, batalhou pela criação de um modelo brasileiro, tudo para se aproximar desse público e também para criar um vínculo maior no país. Para quem coleciona, receber essa atenção tem sido excelente.
Na sua opinião, e na do blog, como a Mattel tem se comportado com os colecionadores brasileiros?
Everton: Dá-se a impressão de que não apenas a Mattel, mas diversos outros empresários (leia-se importadores, grandes redes de lojas de brinquedos, entre outros segmentos) têm dado mais atenção aos colecionadores de miniaturas. Basta observar que hoje já é possível adquirir modelos até em grandes lojas de comércio eletrônico, visto o crescente aumento na demanda.
Há esperanças de termos um ambiente no nosso hobby menos cheio de aproveitadores que vendem miniaturas a preço de ouro? Podemos esperar que os colecionadores se unam mais?
René: Sempre fui contra a hiper valorização de determinados modelos de miniaturas. Infelizmente isso existe no meio dos colecionadores, sempre tem alguém querendo sair em vantagem, então é algo lamentável. Temos, de fato, modelos mais raros, exemplares exclusivos, que obviamente acabam custando mais. O problema é que há pessoas querendo levar vantagem em cima de algo que deveria ser uma diversão e distração. O nome já diz, é hobby, não business.
E sua coleção pessoal, como é? Você compra tudo por aqui ou traz muita coisa de fora?
Everton: De forma geral, posso dizer que a única regra para escolha das miniaturas que entram em minha coleção é o “grau de semelhança com os carros de verdade”. Já tive épocas em que privilegiei modelos esportivos, como Porsche, Ferrari e Lamborghini, mas também já tive momentos em que apenas as réplicas de veículos dos anos ’60 e ’70 eram compradas. Sempre comprei muitas miniaturas por aqui, mas de uns anos pra cá, tenho trazido algumas coisas do exterior, tudo depende do comportamento do Dólar.
René: Muitas coisas de fora, coisas mais antigas, difíceis de se achar por aqui e com preços bem melhores. A mainline decaiu muito e agora restam as séries especiais, que infelizmente são caras. Começou em 2003/04 com um interesse apenas em carros. Achava modelos interessantes e comprava, sem intenção. Quando percebi era uma coleção com 200 modelos, o que gerou um interesse maior e a busca por coisas mais legais.
Você é da turma dos que colecionam as minis fora da embalagem. Como você expõe suas minis? Você segue algum tema?
Everton: Infelizmente, o espaço que tenho hoje para guardar minhas miniaturas é totalmente escasso, o que me obriga a guardar uma boa parte delas em caixas. Quanto aos temas, não procuro seguí-los. Se gostei de um determinado modelo ou série, vou atrás dos exemplares e isso é o que vale.
René: Tiro das embalagens, porque acho legal ver a mini de perto, seus detalhes, mexer, sentir o peso... enfim, ter contato mesmo. Estou organizando um expositor com prateleiras, mas o processo de arrumação é demorado, e arranjar espaço para o expositor não é simples. Sigo basicamente os muscle cars, carros antigos, pick-ups e claro, os clássicos da Hot Wheels, como Dairy Delivery, Purple Passion e Ford Panel.
Tem algum modelo que você quer e ainda não conseguiu? E qual foi o modelo mais difícil que você já comprou?
Everton: Se quiser, posso te passar uma lista de centenas de modelos que quero e ainda não consegui... (risos). A cada passeio nos sites de Diecast, surge uma nova “mosca branca”, e a relação só aumenta. Quanto à dificuldade para conseguir uma mini, acho que ela é proporcional ao tamanho de sua conta bancária... (risos), pois qualquer modelo pode ser garantido, desde que você esteja disposto a pagar o quanto pedem. Uma mini que demorei para conseguir mas fiquei muito contente quando chegou em minhas mãos foi o ’70 Chevelle da Mystery Car de 2006.
René: Sempre vão existir modelos "inalcançáveis", colecionador nunca está satisfeito, então pensar em algo específico é difícil, já que são muitos modelos legais. Há alguns modelos presentes em sets 100% que são mais difícieis de se conseguir, além de modelos que são xodós, como a Dairy. Mas é só vasculhar, que acha.
Ter um blog não é só flores, e você certamente já teve algumas irritações com alguns visitantes. Pode nos contar alguma história? Você tem alguma dica pra quem quer começar um blog?
Everton: Posso te garantir que, numa breve avaliação dos quase 3 anos de existência do 1por64, tivemos muito mais diversão do que stress. A irritação só aparece quando nos deparamos com pessoas que nos encaram como donos da verdade, achando que cada palavra escrita por nós é insubstituível. A grande verdade é que somos meros colecionadores, assim como todos que acessam o blog. Se colocamos alguma informação incoerente e alguém nos pontua, corrigimos o texto e tudo está resolvido. Uma dica para quem quer começar um blog? A resposta é clichê, mas realista: goste muito daquilo que você faz. A partir do momento que você se dedica no que faz, poderá escrever e falar com propriedade do assunto em questão, e assim naturalmente se tornará uma referência.
• Coleção Everton:
• Coleção René:
Parabéns pela entrevista, Douglas! E parabéns ao Everton e Rene pelo trabalho, com certeza todos nós já acessamos o blog deles em busca de alguma informação.
ReplyDeleteBlogs como esses, sérios, bem escritos e comprometidos com o hobby são sempre um ganho para todos nós colecionadores!
Beijos!